Contraste de beleza e miséria

Contraste de beleza e miséria
Foto tirada pelo nobre amigo Alexandre Fleming e cedida gentilmente.

terça-feira, 11 de março de 2014

"il tradimento"

O quadro A Captura de Cristo, em que Caravaggio retrata o beijo com que Judas Iscariotes traiu Jesus.


A palavra traição nos traz como referência algo amargo, um gosto azedo, um “gosto” de decepção com o outro. Uma das traições mais emblemática dos últimos séculos (Se não levarmos em conta “O Casamento Vermelho” em Game of Thrones #MuitoFuck) não foi outra senão a de Judas Iscariotes ao entregar Jesus aos Romanos. Judas traiu de uma forma a transformar um gesto de carinho, de amor, em um símbolo de um traidor – um beijo no rosto. Acho que serve para nos lembrar de que até nos momentos mais ternos podemos ser traídos.

Falando de traição conjugal, sou defensor de que 99% dos homens dividem-se em três categorias: 1 – Os que traíram; 2 – O que estão traindo; 3 – os que querem trair (Se você se sentiu ofendido, fique a vontade para criar uma quarta categoria ou se encaixar no 1%). Se tratando de mulher, em sua grande maioria, agem de forma a escapar do desprezo vivido ou faz por pura vingança. Raras são aquelas que o fazem por prazer. O problema é que a sociedade se nega aceitar tais fatos. Você não trai somente de forma física. Não precisar haver sexo, nem beijos, nem apertos de mão para que a traição se consuma. Ela está nos pensamentos. A diferença é que muitos não têm coragem (ou oportunidade) de pôr tais pensamentos adiante – sejam eles luxuriosos ou não.

Por outro lado, devido ao medo traição, algumas pessoas desenvolvem a possessividade (como o próprio nome diz: sentimento de posse). Ao invés de ter amor próprio e mirar um objetivo em seu futuro, a pessoa tem como definição de felicidade o isolamento da outra. Ou seja: Nada de amigos, amigas, telefonemas, roupas com perfumes desconhecidos, textos escritos em pedaços de papel, números de telefones... E nos dias de hoje, acesso a internet. Qualquer palavra, cheiro, gesto, atitude, olhar e até um brilho diferente no monitor é algo a ser analisado e encarado como possível traição.

A TRAIÇÃO ESTÁ NA MENTE. Não nos gestos e atitudes. Está em um local intangível, abstrato. Está no cair das folhas; no nascer do sol; no luar; no som das ondas do mar. Por que nestes momentos, talvez a pessoa possa estar com você fisicamente, mas a mente involuntariamente o transporta para onde verdadeiramente ela queria estar. Então traição não é física; traição não é sexo; traição não é “trair”... Traição é viver a “dois”, mas desejar ardentemente viver como “um”.

Talvez o traidor seja só alguém querendo viver um pouco de sua liberdade e individualidade, sendo encarado assim como um libertino egoísta. Enquanto o possessivo queira apenas demonstrar amor, criando assim o expurgo do ódio e transformando assim o sentido da palavra “prazer” em “prisão”.  

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