Perder...
Está aí uma palavra que nos faz sentir várias emoções juntas: Tristeza; angústia;
ansiedade; irritação e demais sentimentos que se pudéssemos evitaríamos a todo
custo. Mas para nós, brasileiros, essa palavra associada a FUTEBOL tem o poder
de transformar a dor de uma morte no inconformismo de um genocídio.
Nós simplesmente odiamos perder (principalmente para
Argentina). E por sermos um país tão grande e de conhecimento tão ‘pequeno’;
país novo se comparado com muitos da Europa. Gigante em sua extensão, mas que produz
para a grande massa várias culturas inúteis. Desprezando assim, a
verdadeira vitória que é o poder do estudo e absorção de novos conhecimentos, e
relutamos em fazer da diversão o nosso mais profundo reconhecimento mundial.
Queremos “ser grande”, mas sem abrir mão da omissão e cumplicidade com a tão
enraizada corrupção que em nada nos engrandece.
Se não somos bons em ciências exatas, econômicas ou sociais, somos bons no pé: “The
Samba and the Soccer” - diríamos aos gringos. Que mal tem um país não ter
nenhum prêmio Nobel enquanto outro tem cento e dois (102)? Sambamos na cara
deles e golearemos suas redes.
O que é prêmio Nobel? - Perguntará parte da nação,
desavisada da existência de tal indicação.
Perder esta copa foi a melhor coisa que poderia nos
acontecer. Nos fez acordar e enxergar o quanto estamos atrasados em várias
tecnologias; em vários aspectos; em vários segmentos. E que agora também, estamos
ultrapassados no futebol. A camisa que um dia era temida e admirada, hoje é
apenas respeitada. Não por merecimento do presente, mas por amor ao futebol, os
que realmente vivem o esporte em si, respeitam a glória do passado e toda sua
arte.
O futuro nos reserva agora a mais profunda reflexão. O dever da mudança. O
recomeço forçado pela dor do “perder”, da derrota humilhante... O número que na
Bíblia representa o término da criação, para nosso país representará para
sempre o término de um legado mítico de quase imbatível campeão. O Brasil do 7 x 1 deve
morrer para renascer outro que fará sua própria história.
O engraçado de tudo é que provamos ao mundo que podemos
desmantelar uma rede de cambistas internacionais; que podemos acolher o mundo
inteiro da forma mais simpática possível em nossas terras; que nossos aeroportos funcionam;
que nossa comida é maravilhosa; que tivemos segurança sim; que alguns até de fato devem estar acreditando que “Deus
é brasileiro”. Mas provar para o mundo - o
óbvio - que somos os melhores no futebol, não provamos. Ficar em 4º no futebol é
vergonha em demasia; ficar em 38º em educação não chega nem a ser discutido em qualquer
boteco de esquina, que dirá seja preocupação.
A Copa das Copas - Uma copa que o maior humilhado foi exaltado pelo seu
algoz; uma copa que o humilhado sorriu ao ver seu algoz sorrir - e o mais
interessante, torceu por ele. Uma copa em que o melhor do mundo ganhou o título
de melhor da copa sem ser. Uma copa em que o melhor jogo limpo (Fair Play)
tornou–se sujo ao, por pura maldade ou extremo de ingenuidade, tirar da copa
aquele que era a esperança de outrora. Uma copa que por falta de controle
emocional, o ditado “com unhas e dentes” fôra colocado em prática, sendo punido
exemplarmente (ou exageradamente – a quem defenda) e de forma rápida. Uma copa
que criou heróis-vilões, quando na realidade deveríamos criar; apoiar;
incentivar e acreditar nesses verdadeiros desportistas desde a base até a hora da extrema
responsabilidade.
Tratando-se de Copas do mundo de futebol, melhor ser
derrotado e viver no inferno e aprender com os Alemães da Copa de 2006,
que entrar no céu pela “la mano de Dios” dos Argentinos na Copa de 1986.
Ganhar com honra, perder... Com dignidade. #ChupaArgentina