Contraste de beleza e miséria

Contraste de beleza e miséria
Foto tirada pelo nobre amigo Alexandre Fleming e cedida gentilmente.

sábado, 7 de junho de 2014

Não vai ter copa?

Brazil_by_nelsondaniel

Nasci em 1976 e a primeira copa do mundo que me lembro de sofrer como bom cidadão brasileiro foi a de 1986, quando o Brasil foi eliminado depois que Zico não converteu (entre ‘não converter’ e ‘perder’ há um abismo entre fatalidade e culpa) um pênalti contra França. Dois anos após o movimento “Diretas Já” e um ano após Tancredo ser eleito Presidente por voto indireto e nunca assumir... Sobrou-nos Sarney, e eu como bom “cidadão-criança” não estava nem aí para o futuro do Brasil. 

Mesmo nascendo 18 anos após a Copa de 1958 e começando a sentir prazer em assistir tais jogos em 1986 (28 após), uma das músicas que mais me trazem a recordação de orgulho e bom futebol é a musica-hino daquele tempo. No qual o refrão explicitava muito bem o Brasil daquela época. Brasil que se importava mesmo com o bom samba e o bom futebol: “- A taça do mundo é nossa, com brasileiro não há quem possa...” (Para que preocupar-se com politica e corrupção?). Realmente, em termo de samba e futebol éramos pura arte. Como hoje nem temos um bom samba (músicas em geral) e nem um bom futebol, o Brasil está acordando... Acho que é isso.

Em 1986 odiei Platini e companhia; em 1990 foi à Argentina que me fez chorar (a famosa “era Dunga”); Em 1994 quase enfartei de ansiedade e logo após de alegria quando enfim ouvi o tão inesquecível “-Acabou, acabou... É tetra, é tetra...” da voz inconfundível do narrador-torcedor Galvão Bueno. Em 1998 amarguei a ilusão de um futebol-arte e fiquei com um gosto de conspiração que até hoje não me sai do pensamento e em 2002 fiquei torcendo para o arrogante do Filipão perder só porque não levou o Romário... Mas, nada melhor que ser PENTA!!! Em 2006 e 2010? Sem comentários... 

No dia 30 de outubro de 2007, quando Joseph Blatter decidiu e divulgou em nome da FIFA que o país sede da copa de 2014 seria o Brasil, pensei comigo: “- C******, o país vai parar”! Sete anos depois vejo que meu único engano foi em relação ao sentimento dessa “parada”: Achei que seria de alegria, mas o que vejo é uma revolta profundo de grande parte da população brasileira. Meus únicos sentimentos são de desconfiança e vergonha. E mesmo que sejamos campeões dentro de campo, fora dele demonstramos ser aquele mesmo país que tanto falava que um dia seria o “País do futuro”. Não aprendemos com o nosso passado, não respeitamos o nosso presente e sempre estamos a ludibriar nosso futuro.

“Desculpe, Neymar” por não torcer; (Clique Aqui para ver o vídeo)
“Desculpe, Nike”, por não querer.
“Desculpe, Fifa”, por ser contra você.

A copa, que em 1958, era nossa... Agora não passa de uma bela fantasia de carnaval de R$ 37 Bilhões. 

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