Brazil_by_nelsondaniel |
Nasci em 1976 e a primeira copa do mundo que me lembro de sofrer como bom cidadão brasileiro foi a de 1986, quando o Brasil foi eliminado depois que Zico não converteu (entre ‘não converter’ e ‘perder’ há um abismo entre fatalidade e culpa) um pênalti contra França. Dois anos após o movimento “Diretas Já” e um ano após Tancredo ser eleito Presidente por voto indireto e nunca assumir... Sobrou-nos Sarney, e eu como bom “cidadão-criança” não estava nem aí para o futuro do Brasil.
Em 1986 odiei Platini e companhia; em 1990 foi à
Argentina que me fez chorar (a famosa “era Dunga”); Em 1994 quase enfartei de
ansiedade e logo após de alegria quando enfim ouvi o tão inesquecível “-Acabou,
acabou... É tetra, é tetra...” da voz inconfundível do narrador-torcedor Galvão
Bueno. Em 1998 amarguei a ilusão de um futebol-arte e fiquei com um gosto de
conspiração que até hoje não me sai do pensamento e em 2002 fiquei torcendo
para o arrogante do Filipão perder só porque não levou o Romário... Mas, nada
melhor que ser PENTA!!! Em 2006 e 2010? Sem comentários...
No dia 30 de outubro de 2007, quando Joseph Blatter
decidiu e divulgou em nome da FIFA que o país sede da copa de 2014 seria o
Brasil, pensei comigo: “- C******, o país vai parar”! Sete anos depois vejo que meu único engano foi em
relação ao sentimento dessa “parada”: Achei que seria de alegria, mas o que
vejo é uma revolta profundo de grande parte da população brasileira. Meus
únicos sentimentos são de desconfiança e vergonha. E mesmo que sejamos campeões
dentro de campo, fora dele demonstramos ser aquele mesmo país que tanto falava
que um dia seria o “País do futuro”. Não aprendemos com o nosso passado,
não respeitamos o nosso presente e sempre estamos a ludibriar nosso futuro.
“Desculpe, Nike”, por não querer.
“Desculpe, Fifa”, por ser contra você.
A copa, que em 1958, era nossa... Agora não passa
de uma bela fantasia de carnaval de R$ 37 Bilhões.
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